Wednesday, October 31, 2012

Thursday, December 01, 2011

O LIVRO DE ILUSTRAÇÕES

Aqui o link de meu livro de ILUSTRAÇÕES.

http://issuu.com/andriole/docs/portf_lio_ilust_1

Tuesday, October 25, 2011

Caminho

Nasci, engatinhei, me ergui, cai, insisti e fiquei sobre os dois pés, então andei, andei, e depois corri, até cair. Então, mais uma vez me ergui, e corri mais ainda, e cai novamente, e me ergui tantas vezes quantas cai, até que olhei ao redor. As coisas eram maravilhosas, e eu podia ir até elas sem correr, mas não soube vê-las, eu apenas as olhava. E me perdi olhando coisas à toa, nas quais pensei estar comigo. E andei mais,entre coisas que não sei mais ao certo se eram ou não comigo como eu era com elas, e fiz isto por longo tempo, tanto, que já não sei quando iniciei este caminho. E busquei estar em algum lugar onde morasse a paz. Uma busca imensa. E só depois de perceber o que era ver, e caminhar, cheguei aqui, onde sou sem pressa, porque não há mais tempo a perder: o tempo é só uma ilusão na qual nasci um dia.

Monday, September 26, 2011

Monday, September 19, 2011

Sobre todas as coisas - Parte I


            “Antes de tudo...”assim pode-se iniciar um discurso sobre o que, “depois de tudo” dito, nada do que se disse refere-se a origem “disto” (o quê?). E então, sobre o “de onde é tudo isto”, nada resta, salvo termos que aceitar a priori algo que sem referir-se a um ponto de partida, algo que nos leve a esta fonte ( há alguma fonte?) de onde [tudo] irrompe como uma "coisa verdadeira", mas que, em verdade, de imediato só o é no próprio discurso, ou seja: na consciência.
            Após este início truncado, não por acaso, e talvez inóspito para uma maioria dos leitores, prosseguiremos numa investigação, na qual nem sempre há lugar para todos, sobretudo, para aqueles nos quais repousa aquela solene segurança sobre todas as coisas acobertada pelo manto da razão instrumental. O texto nunca irá além dela caso se queira a segurança linear de um domingo à tarde em frente a tv.
            Segue-se aqui em vão, mesmo porque seria contraditório buscar justamente “um” sentido em detrimento de “todos os outros” que poderiam levar a lugares tão belos tanto quanto qualquer deles.
            O percurso é deste instante para frente, descomedido, improvável e estranho, posto que se não o for, nada de novo poderá vir a ser novo. E sendo assim, a única justificativa para percorrê-lo é não buscar por nada, na medida em que fazê-lo já imputa em plantarmos em nós aquilo que não pode ser novo jamais.
No entanto, um paradoxo nos acompanhará sempre ao lado esquerdo, numa espécie de oposição sistemática, fundante da nossa condição de falta de controle permanente sobre a consciência, a saber, o paradoxo de não podermos nunca partir do zero enquanto nos atermos ao pensamento, pois todo pensamento visa um termo de comparação entre termos, atributos, valores..., iniciando, deste modo, nossa jornada investigativa necessariamente de uma reminiscência.     
            Portanto, é deste mesmo lugar, supostamente, inóspito à razão, cientificista ao menos, que diremos com naturalidade, que só nos é possível afirmar da consciência, que é “a partir dela e nela que estamos aqui” - neste estranho e indefinível campo existencial dominado pela dimensão do tempo e espaço. Credita-se, portanto, que neste “aqui”, inóspito ou não, às vezes tão pleno para alguns, ora nem tanto para outros, inicia-se e também justifica-se (permanentemente) o “tudo ser”.
Dito assim, e considerado uma obviedade para aqueles que crêem que é “lá” onde repousa uma possível essência e ainda um sentido de ser das coisas, migramos para um dos fenômenos que podem passar ao longo caso não se aponte de imediato a sua importância. Neste lugar, a que me refiro ser consciência, concomitantemente se instala um estado de ambivalência [e aí surge o inóspito da questão], porque o que em verdade se diz ser um aqui,é também umlá estar”, que  situa-se demasiado distante, algo que de algum modo não coincide inteiramente com o sujeito, mas que “é ele”. Não pode coincidir com o sujeito, pois claramente mostra-se ultrapassando-o nas duas dimensões, no tempo e no espaço, dificultando a linearidade dos recursos discursivos ordinários do “aqui agora”.
O sujeito consciente de si desdobra-se e projeta-se não só em seus períodos históricos, pela memória e pela imaginação. Experimenta pela primeira as sensações de “ter sido e estado”; e pela segunda, de “poder vir a ser e estar”. Numa e noutra o sujeito afirma sem problemas que “foi” ou que “será”, sem deixar de ser o que é no mesmo instante em que faz a afirmação. Poderia se dizer disto, que há nele, em sua memória ou imaginação, algo dele que já não é ou que nunca foi mas que sem dúvida “está lá”, neste istmo ligado ao continente do presente pelo poder da vontade própria.  
Dir-se-ia também, sem nenhum problema, que isto não implica num paradoxo, pois ser e estar são estados que a rigor se dão de muitos modos diferentes, e nem por isto, geram algum conflito enigmático. Afinal, quando se diz que o sujeito está ali, refere-se a um corpo, a uma pessoa que possui uma identidade, e que “de fato” ocupa um lugar num espaço e tempo determinados. E que outra coisa é recorrer à memória ou imaginação para afirmar uma presença, neste caso, uma presença que é real, sim, mas que é uma figura mental, e sendo fruto de uma atividade mental, escapa das mesmas leis que regem os corpos físicos, e só por isto, e na linguagem, podem sugerir algum paradoxo.
Mas aquilo que nos dá a certeza da existência física não é justamente a consciência? E sendo assim, como e porque seria preciso distinguir em níveis de “ser e estar” de modo a deslocá-los para instâncias diferentes? Não é esta, por natureza, uma operação que acaba por estabelecer uma hierarquia perversa à grandeza da consciência, e consequentemente, que reduz a experimentação dos modos de ser e estar “mentais” a um critério alheio e estranho às suas características, a saber, o do materialismo?
Finalmente, como assentir seguramente que a realidade é cindida, e que de fato, “ser e estar” são modos regidos por divisões (naturais?!) dadas ou no mundo físico ou no mental, sendo estas mesmas considerações (válidas!), resultados de uma operação conjunta (física e mental) de poder reter aspectos, atributos ou “percepções” destes estados de ser e estar? Porque seria prioritário o valor de uma apreensão, a do mundo físico, em detrimento da outra?
Fosse o valor hierárquico adotado o material, sendo o único e exclusivamente aquele que garante os fundamentos ligados à sobrevivência do sujeito, e teríamos que discutir o que é sobreviver, o que nos lançaria num vôo circular arriscado para esta altura de nossa investigação. Mesmo assim, considerando a matéria a fonte da consciência, isto é, de o mundo externo é a origem do que existe para os sentidos e dele decorre a articulação para a linguagem, voltamos à necessidade de refletir sobre a condição em que isto se efetiva: de que é pela via das operações mentais, ocorridas neste sujeito, que se dá o mundo. Um cego de nascença pode “ver imagens mentais” que não somos capazes de conceber por não possuirmos termos de comparação, e isto não nos leva a negar que ele possa afirmar serem absolutamente verdadeiras para si.  E do mesmo modo, não se admite ser um “lugar”, referindo-se a uma imagem mental, sem rebaixar seu estatuto, quando somos inquiridos sobre a validade desta experiência em relação a nossa “sobrevivência”. Somos levados a crer que a validade do mundo material é preponderante para a sobrevivência, com base na obviedade das conseqüências de não observar leis físicas. É natural não meter a mão no fogo, ele de fato queima.
Mas a angústia asfixia e o ódio também pode queimar, mesmo sendo apenas motivados por memórias ou figuras imaginadas, e não deixam de ser muito reais para quem os sente. Teríamos adentrado num erro categórico, alinhando provas de ordens diferentes para justificar uma premissa falaciosa? Analisemos.
“Ser e estar” diante de uma chama que arde nos leva a inúmeras considerações acerca da natureza do fogo. Que ele tem cor, temperatura, extensão e intensidade, que possui uma forma, admitimos vários fatores à sua existência real. Facilmente chegamos a um julgamento sobre o que é o fogo, e nada nos convence de que poderíamos colocar nossa mão sobre ele sem nos queimarmos. O fogo é um fenômeno de combustão, uma reação química regida por leis definidas. O fogo é também uma descoberta vital, sem o que a espécie humana não teria sobrevivido neste mundo ou, ao menos, não conforme o desenvolvimento que atingiu. O calor do fogo, portanto, uniu homens ao seu redor, e alimentou prazeres para além das necessidades da carne.
O fogo assume neste instante, quando ultrapassa as limitações de sua funcionalidade e potências relativas ao corpo do homem, um outro estatuto, e alça vôo para atingir rápido a grandeza de um deus para o homem: ele é o Sol. É centro de um universo no qual a casa dos homens está ancorada, bem como é a fonte primária de toda a chance de vida que habita esta casa, uma morada que abriga muitos outros seres além do homem.    
Sendo um deus, o fogo consubstancia sua existência em múltiplas formas de ser e estar, é assim, a um só tempo uma mera chama, e é também o centro mantenedor da vida de um planeta inteiro. Dizíamos antes, sobre a possibilidade de um erro categórico, mas como pode se errar senão quando assentimos com um critério único de validade? Seria justo diante de nosso propósito, simplesmente dispensar todo o percurso que ergueu a figura de um deus do fogo e sua magnânima aura, para nos fixarmos às suas condições físico químicas definidas no escopo de uma linguagem técnica? Por que o faríamos?
Por hábito?
Por censura?

Wednesday, August 31, 2011

Beijando o sapo

Lute por seus direitos

Há tempos que o homem descobriu que para além de seus interesses pessoais há aquilo que é de interesse público, mas o fato é que, também há tempos as lutas pelos direitos levam homens e sociedades inteiras a conquistas que mesmo tendo origem em justificativas coletivas, na prática, beneficiam apenas alguns poucos.
Talvez isto seja assim mesmo, e nunca tenhamos efetivamente condições de multiplicar os benefícios para todos, e estejamos destinados a conquistas apenas parciais...A questão é que vive-se num modelo globalizado, ao menos pode-se dizer que boa parte da população que integra as forças políticas - institucionalmente assentadas - estão em conexão, e via a comunicação www, estão ao alcance, para que os indivíduos possam propagar ideias sobre as questões dos direitos humanos. Isto é uma realidade. Então, participe, lute por seus direitos, mas se puder, parta de um lugar comum: da natureza humana.

Saturday, August 06, 2011

...nasce um ritmo...


...em pintura, como no jazz, e como na vida do artista, é no improviso que reside o sentido e a alma de uma obra. Na pintura ele se insinua e sem menos avisar instala um caminho que cada pincelada ou traço, ou seja lá o que acontecer, irá desembocar num destino já demarcado, porém, que escapa ao conhecimento do artista. No jazz, dada a composição, seus nuances e períodos, irrompe a pura expressão de um momento sem igual, no qual o músico destila seu modo de estar naquela paisagem.E finalmente na vida do artista, o improviso é a própria vida que jamais cede ante seu sofrimento ou prazer, e ininterruptamente o provoca a ir mais longe do que poderá saber voltar, sendo este o seu destino: o de desbravar a si mesmo sem nunca poder saber se terá ou não conseguido alcançar a Obra final.
Marley, como insígnia de um desejo encantador segue aqui no traço sanguíneo que emoldura o acrílico. É a composição sobre a qual se erguerá a imagem de uma paisagem que ainda não conheço por inteira, senão em minha imaginação e vontade de ser.

Tuesday, August 02, 2011

get up stand up

Quando pude perceber já estava envolvido - no amplo sentido que o termo pode evocar - por um novo apelo da Arte. A rua uivou e minha alma de lobo viu a luz de uma nova Lua prateando a paleta.

Havia lido há algum tempo uma obra de Richard Shusterman - autor completamente deconhecido para mim - mas que soou tons instigantes na estante do sebo na praça: Vivendo a Arte - o pensamento pragmatista e a estética popular. Aqui não é o espaço para discutir o teor da obra - posso fazê-lo num momento posterior - mas ela emoldura, pelo título, a situação deste lobo uivando para Lua. A rua. A espada nua de Jobim, a porta do mundo, a saída para o lado de dentro de um lugar chamado vida. Tudo na imediatez desta obra que sem compromisso, me compromete a seguir em frente mergulhando numa nova órbita. Seja Jah, seja agora e que o agora seja desconhecido, tanto quanto foi a surpresa do título de Richard Shusterman. Get up stand up!

Thursday, June 23, 2011

Sobre a vaidade

Meditei um pouco sobre a vaidade, e pouco tempo me levou a admitir que meditar sobre isto é pura vaidade, pois além de inútil, a resposta só poderia centrar-se em alguma moral, e sendo assim, uma particularidade minha, ainda que pudesse possuir algum artifício para "tender" ao universal. O fato é que a vaidade é uma condição variante da própria subsistência social, nosso superego como dizem os psicanalistas, manifesto na "persona", tornando-se portanto inviável penalizar algumas condutas morais, em detrimento de outras. Sem levarmos isto a extremos - é claro - reflexões sobre os atos de pura "vaidade" são expressões dela mesma, oculta dentro de um invariável anacronismo. Antes, dir-se ia que "em sociedade o homem é levado a parecer aquilo que em verdade não é, e o faz por meio de artifícios."Ora, se admitirmos que o homem é um ser social, no moldes aristotélicos, devemos consentir que não há saída, e a vaidade é inexorável e recai sobre os "sócios" em algum nível, em algum momento de sua atuação em sociedade. Por outro lado, se tentarmos eliminar a vaidade da natureza humana, apartando dela as forças do superego, nos dirigimos imediatamente para a outra definição de Aristóteles: seremos deuses.
Sendo animais, porém - e já o somos, não há dúvidas - teríamos um grande futuro pela frente se eliminássemos o que julgamos ser nossa conquista maior, a razão, e isto seria um ato realmente contra a vaidade. Abandonando a vida social viveríamos em comunidades naturais, não em cidades, pois não haveria necessidade de "cidadania", mas por outro lado haveria meios comuns, isto é , de todos, para garantir a sobrevivência. Isto poderia nos levar a sentir a vida de modo tão profundo, tão intenso, que no arder do fogo, que centralizaria nossa atenção, poderíamos vislumbrar mais uma vez uma descoberta, a de que a mesma força que mata pode nos iluminar e aquecer. E se por um milagre isto nos conduzisse "apenas"(!) a sentir uma uma felicidade plena, então experimentaríamos o paradoxo de sermos deuses também.
Do contrário, engendraríamos tantas implicações valorativas nesse fogo, que logo, alguém teria sido levado a querer exercer algum poder sobre ele, e posteriormente dominar os demais ao redor das chamas,e a consequência disto não requer maiores explicações, pois é nesta fogueira de vaidades que ainda queimamos.

Tuesday, June 21, 2011

Em essência só o mistério

De tudo o que vai se experimentando no curso da breve existência humana, naquilo que é ou se constitui como um item da consciência, ou não, pois os limites entre o consciente e o "demais" ainda são conceitos difusos, resta muito pouco além de estados de alegria ou de tristeza. As variações destes estados de ânimo permeiam a totalidade da experimentação humana, fazendo do homem um ser dual e por consequência, movido a buscar suas satisfações dentro destes dois estados de ânimo. A apatia caracterizada pela "pura racionalidade", para não deixar de lado essa possibilidadec de um terceiro estado, é apenas ilusória, posto que igualmente se tinge ora de alguma satisfação ou externa algum inconformismo com a condição humana. Assim, sem sairmos deste eterno movimento de gangorra entre a laegria e a tristeza viemos construindo um mundo que espelha nossa dualidade.
Ricos alegres ou tristes, pobres alegres ou tristes; aptos alegres ou tristes, inéptos alegres ou tristes, esclarecidos alegres e tristes, ignóbeis alegres e tristes, homens e mulheres, alegres e tristes consigo ou com os outros, com o mundo interno ou externo. Iludidos ou desiludidos, com razão ou sem ela. Uma realidade infinitamente monótona oscilando num ou noutro pólo.
Mas isto é, em essência, algum problema que realmente deva ocupar assim tantas linhas e o tempo de tantos que já se debruçaram sobre a dualidade humana?
Evidentemente que é!
E a prova disto está emergindo de onde menos se espera: da negação.
Negação da dualidade condicional da natureza humana.
Como? Ignorando esta condição.
Simplesmente assim.
Exauridos os caminhos religiosos institucionalizados pelas diversas ordens, extenuada a chance dada ao movimento racionalista cientificista e seus sortilégios magnéticos, analógicos e digitais; banida de vez a tentativa de fundir metafísica estóica com física quântica e as muitas variações desse desejo; a luz de um Sol desponta no horizonte e pouco a pouco retira o contraste vital que norteou a vida até aqui.
O milagre está exposto na rapidez da fala das crianças que sem poder admitir o fracasso do projeto civilizacional de seus antecessores, não podem também reduzir a apreensão do mundo a possibilidades de um menu ultrapassado. Levanta-se no fundo desta simplicidade que brilha nos olhos infantis do século XXI a aniquilação da necessidade da gangorra. Que estupidez pode ser esta que se fala aqui? E não se aprende a viver justamente pela experimentação da gangorra? É claro que sim! A questão é que não podemos sentenciar o homem a reprovação eterna. Será que já não é tempo de perceber que há algo novo acontecendo e que o homem pode ter já aprendido com a brincadeira neste parque chamado Éden?
Muita água ainda cairá soando como música para muito poucos. Não se encontra "tudo em tudo" simplesmente, isto soa ainda como mais um sortilégio da linguagem, mas a despeito do que o conteúdo do que foi dito aqui, daquilo que léxico possa encerrar, ou da presença de alguma ideologia datada na história ou apenas  das idiossincrasias do autor, sobrepassa o mistério.
E no mistério a dualidade se multiplica infinitamente, sendo "tudo em tudo", justamente quando é elevada a zero.

Saturday, May 28, 2011

Dança para Segurar o Céu - TEDxVILAMADÁ

Em 26 deste mês de Maio, passados mais de 15 anos, reencontro a fala de Krenak, que mais uma vez reitera meu sentimento em relação a muitas urgências no modo como conduzimos nossa vida neste planeta.
A possibilidade se deu no envento promovido pelo TEDxVILAMADÁ, que veio colocando a reflexão sobre o MEIO AMBIENTE como a pauta principal de uma série de encontros, que culminaram em SP com a fala de Ailton Krenak. Fica aqui, portanto, registrado o meu agradecimento direto aos organizadores do evento - Taiana, Rita, Sueli, Iracema Guisone e Maurício Curi - que me convidaram para expor no TEDxVILAMADÁ o projeto Dança para Segurar o Céu, inspirado justamente por Ailton.
Dança para Segurar o Céu é o título dado a uma série de trabalhos realizados entre 2003 e 2004, que expressam esse sentimento sobre uma forma de relação sadia conosco e com o meio em que existimos. A natureza da arte, a meu ver, é das mais adequadas para registrar as etapas desta relação que devemos manter com o mundo ao nosso redor, seja ele o mundo da matéria, que inclui todos os lugares deste planeta, e igualmente, o sutil, da pura energia, que se manifesta em todos os seres que nele viverm.
É assim que, reiterando a fala de Krenak, deixo aqui mais uma vez a necessidade de estabelecermos esta conduta sadia com tudo que nos cerca: dançar com a vida para manter sobre nós e em nós este Céu que nos ampara. Concluo deixando  aqui uma reflexão: somos únicos, e a um só tempo, somos o que chamamos humanidade, mas, sendo um ou o outro, não somos diferentes de outras expressões de vida que também vieram a habitar este tempo e espaço, portanto, vivemos a oportunidade de conhecer a natureza que está pulsando em tudo a todo instante, mas para isto, precisamos urgentemente compreender que as "nossas" criações - a sociedade e a cultura científica contemporânea - não são um fim em si mesmas, mas apenas etapas dentro de um infinito processo Criador que nos escapa ao entendimento e nos ultrapassa o controle, sendo assim, vital agora, olharmos para o lá fora, para o Céu, que está vivo e habita nossos corações.

Thursday, May 05, 2011

A arte da água

 E na origem tudo converge para a Água. Tales, o sábio da Antiguidade anteviu o que Darwin e os microscópios potentes da contemporaneidade reafirmam a seu modo. Origem, no entanto que se estende para muito além da matéria observável em sua estrutura atômica. Somos mais do que H2O, mais do que seres evoluídos de organismos unicelulares de um mar primitivo, somos habitantes de um planeta Água, que flui dentro de nosso corpo e nos anima as emoções profundas. Nas profundezas de nosso ser está nossa Alma, dizem os textos teológicos, e ela é a sede da nosso origem.













Tanto quanto a Água, a Alma flui numa existência diáfana imisciundo-se às emoções que recebe como tintura, ganhando cores e formas diversas. Na aquarela encontramos um paralelo para este fenômeno. A Água base de todo a vida deste gênero de obra recebe da mão do artista os pigmentos que lhe correspondem a necessidade de expressão de uma emoção que fica gravada na folha de papel. Temos assim, a Água Alma, que é Fonte e Partícula, Mito e Ciência, atuando sob o Tempo Emoção, mediante a criação posta em movimento pelo artista, que é agente da Obra; e finalmente o receptáculo e testemunho destes princípios, o Corpo Papel, que guarda a ação da Arte, seus movimentos, emoções e meios, além de uma individualidade - o Artista - que tanto quanto a Aquarela, se desvanecerá um dia, retornando para onde está sua origem.



Monday, April 11, 2011

e no final tudo não passa de um sonho...

o dito pelo não dito

Antes mesmo de iniciar a compreensão deste “texto”, devemos considerar, desde agora, que para além daquilo que ele significa em sua imediata aparência, ou seja, naquilo que nos advém do léxico, dos conceitos e proposições -  diga-se, tão bem organizados pela razão, obra que é realização desta “tradução” das apreensões sensoriais – há também algo que cada qual de nós, em sua “estreiteza” há de por bem, por assim dizer, sempre, e inexoravelmente, atribuir, e que, escapa justamente ao léxico e aos limites da razão; algo que é, ou melhor, que a vem a ser justamente um “mais do que isto”, um texto.
Dizemos, de outro modo mais direto, que um substrato inefável permanece indelével naquilo que a tradução literal deixa flutuando nos espaços vagos das letras...
E o que seria isto senão o mesmo que no núcleo dos átomos também surge como o nada?
De onde um paralelismo desse gênero surge aqui e para onde isto pode nos levar?  Segundo o que encontramos, “isto” é apenas uma espécie de seta que indica para alguma “coisa” que “está próxima de quem fala”...!
Isto é o suficiente?
Nossa inquietude nos lança a mais uma tentativa...quem sabe encontramos mais no mundo grego, algo que diga mais do “isto”.
Nos deparamos com: aυτό ...que nos chega como “ele”.

Τι αντικείμενο = coisa; ό, τι είναι αυτό - το πράγμα = o que é isto – a coisa.

Afinal, mas “isto o que???????”, nos perguntamos agora.
E de imediato, para sermos racionais: isto – o texto!!!!!!!!!

Ora, o texto – e o que mais poderia ser?! – ele só nos leva para onde já estamos há muito tempo, na verdade, desde quando aprendemos a ler. Nos leva para nossa educação, nosso condicionamento mental aos padrões seculares, vícios e virtudes execradas ou homenageadas nos grandes círculos do poder social.
Não saímos então do lugar, mas aparentemente caminhamos de um ponto a outro, do início para um fim. Mas qual é o fim de um texto, a última palavra?
Mas quem dá a última palavra, o autor ou você?
Se o texto ocorre em sua mente, você também não é um autor?
É claro que há Dostoievski, Pessoa, Machado, Joyce, Dumas, Platão e Rousseau. Não se trata disto, de depor contra mestres do léxico e das idéias. Mas o fato é que onde se revela o texto, senão naquilo que ele não é: exatamente no que consideramos a partir de outras fontes que não ele mesmo, ou seja, em nossa imaginação inspirada por um motivo: no algo mais do texto.
Ora, no léxico, a princípio está o princípio. Depois, tudo nasce em nossas experiências, nossas informações, estudos... em preconceitos, medos ou sonhos...tudo na leitura é possível! Ser autor do autor é questão de vontade.
Ontem sentei-me a discutir com Guimarães Rosa, e dias atrás fui dado a rompantes de fúria com Nietzsche, é impossível admitir que eles não estiveram aqui ...em mim e eu os percorri na linha de um livro. Sim, minha casa é muito bem freqüentada e meus amigos se espalham pelo tempo.
Isto não é nada incomum.
Vivemos numa comunidade de palavras ditas e não ditas, escritas que o tempo aparentemente apaga, mas criando apenas o véu de uma ilusão que oculta a verdade já dita dos mais antigos na ingenuidade dos ainda muito jovens para serem livres para imaginar.  
Todo instante é povoado por alguém que escreve ou lê um texto.
É preciso apenas manter nossa indignação por mais um momento, se quisermos algo a mais, então devemos perguntar: o que é isto – o isto?
Bem...na lentidão linear do léxico encontramos o seguinte:

“do Lat.  istu(d) pronome.
Demonstrativo; coisa ou coisas que estão próximas de quem fala; equivalente a esta coisa ou estas coisas.”

Ou encontramos ainda:
Não há o vocativo"

Singular
Plural

Casos
Masculino
Feminino
Neutro
Masculino
Feminino
Neutro

Nominativo
ipse
Genitivo
Dativo
Ablativo
Acusativo

  

Mas para além há ainda a sua imaginação.
Foi um prazer tê-lo aqui comigo, ou melhor, ter ido aí...  em você, mas a hora passa e Gastón Bachelard me aguarda ali no sofá da sala, e sabe como é, não se deixa imortais esperando, eles se entediam com a eternidade e precisam ocupá-la esvaindo pelas palavras não ditas.




a vida à beira mar

Saturday, March 12, 2011

O Arqueiro

Passado o tempo, retorno, ou melhor dizendo, sigo em direção ao caminho que me leva de encontro a mim.
Certas imagens, feito Formas platônicas, sendo ideias arquetípicas que são , orbitam a atmosfera deste núcleo pelo qual respondo por um nome no tempo e espaço, Eu, e  exigindo presença, fazem-se ser a despeito de minha ação voluntária.
Assim é o caso do Arqueiro, que mira muitos Céus e um único destino: o humano.
E por ser, das Formas, aquela que urge - sem que eu possa saber o porquê - a aparição neste contexto, frui aqui, no espaço virtual para animar outros que além de mim também dispararam há tempo um vôo rumo a si mesmos.
Agradeço aos que me trouxeram mais uma vez para o instante da deflagração deste ato, e me fizeram retesar a corda da vida.

Thursday, March 10, 2011

explicatio e complicatio

...e no princípio tudo se fez simbolicamente, e no símbolo se fez a unidade total, e na totalidade se fez a dualidade, e nela, a perfeição nos pareceu complicada, pois já não sabíamos explicar se erámos um ou o outro...e só então surgiu o Amor.


... Y en un primer momento se hizo simbólicamente, y el símbolo se convirtió en una unidad total, y todos se convirtieron en la dualidad, y en él, la perfección parecía complicado, porque no sabíamos si nos iban a explicar uno o el otro .. . y luego vino el amor.