Thursday, June 23, 2011

Sobre a vaidade

Meditei um pouco sobre a vaidade, e pouco tempo me levou a admitir que meditar sobre isto é pura vaidade, pois além de inútil, a resposta só poderia centrar-se em alguma moral, e sendo assim, uma particularidade minha, ainda que pudesse possuir algum artifício para "tender" ao universal. O fato é que a vaidade é uma condição variante da própria subsistência social, nosso superego como dizem os psicanalistas, manifesto na "persona", tornando-se portanto inviável penalizar algumas condutas morais, em detrimento de outras. Sem levarmos isto a extremos - é claro - reflexões sobre os atos de pura "vaidade" são expressões dela mesma, oculta dentro de um invariável anacronismo. Antes, dir-se ia que "em sociedade o homem é levado a parecer aquilo que em verdade não é, e o faz por meio de artifícios."Ora, se admitirmos que o homem é um ser social, no moldes aristotélicos, devemos consentir que não há saída, e a vaidade é inexorável e recai sobre os "sócios" em algum nível, em algum momento de sua atuação em sociedade. Por outro lado, se tentarmos eliminar a vaidade da natureza humana, apartando dela as forças do superego, nos dirigimos imediatamente para a outra definição de Aristóteles: seremos deuses.
Sendo animais, porém - e já o somos, não há dúvidas - teríamos um grande futuro pela frente se eliminássemos o que julgamos ser nossa conquista maior, a razão, e isto seria um ato realmente contra a vaidade. Abandonando a vida social viveríamos em comunidades naturais, não em cidades, pois não haveria necessidade de "cidadania", mas por outro lado haveria meios comuns, isto é , de todos, para garantir a sobrevivência. Isto poderia nos levar a sentir a vida de modo tão profundo, tão intenso, que no arder do fogo, que centralizaria nossa atenção, poderíamos vislumbrar mais uma vez uma descoberta, a de que a mesma força que mata pode nos iluminar e aquecer. E se por um milagre isto nos conduzisse "apenas"(!) a sentir uma uma felicidade plena, então experimentaríamos o paradoxo de sermos deuses também.
Do contrário, engendraríamos tantas implicações valorativas nesse fogo, que logo, alguém teria sido levado a querer exercer algum poder sobre ele, e posteriormente dominar os demais ao redor das chamas,e a consequência disto não requer maiores explicações, pois é nesta fogueira de vaidades que ainda queimamos.

No comments:

Post a Comment