Saturday, May 11, 2013

a viagem da alma

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por Mauro Andriole (Notas) em Domingo, 19 de Junho de 2011 às 23:14

imagem: monotipia de Andriole sobre fotografia de Rodrigo Peterson

...chego aqui depois de "lá" ter permanecido, "lá onde nenhuma palavra pode exprimir", mas a certeza dos sentimentos impede de negar. Neste "lá" que de algum modo sinto ser também o aqui e o agora, vivi a vida de todos, de todos os sentimentos, das dores e das ambições, dos ódios e medos, o que me vem ainda é a única verdade perene: a Luz. E para não ser assim tão subjetivo, e deixar os irmãozinhos sem nada que possa referenciar o lugar onde permaneci, explico que participei de um ritual milenar, ancestral, no qual, o que menos importa é a explicação, e o que mais importa é a lembrança de que nenhuma diferença significativa realmente existe, tudo é apenas uma variação visível da Luz.
Eis que a voz se torna símbolo luminoso, e de cada tom emergem sentimentos ao redor de uma aparente fogueira. Na chama arde a consumação de um destino comum à lenha como ao homem, carregar toda uma vida nascida da terra que ao fim retorna ao eter. Engana-se aquele que, pensando ser poema ou filosofia passa ligeiro os olhos sobre o que, embora possa ser encontrado em poesias e literatura - inclusive a medíocre - se manifesta a todo tempo imerso no óbvio. Na absoluta imediatez da matéria só há uma realidade: a energia.
Falamos aqui de física? Ah, até se pode encontrar isto também na física, e porque não?
Do que estou falando então? Ora, de tudo, de tudo o que É e nunca deixa de ser enquanto há uma consciência da existêmcia de si mesmo. E não nos enganemos - ou pior ainda, não sejamos soberbos - ...diferente de crer que a consciência é privilégio humano, o que "lá" se percebe é que tudo é consciência. Assim, Luz é consciência, consciência é existência. A incapcidade de comunicação nos impede de admitirmos outras formas de consciência. Fomos educados para negar isto como algo óbvio - se não é igual não existe. Porém, por outro lado, somos capazes de admitir "frequências", "vibrações", "ondas" que podem irromper da matéria "inconsciente de si" - minerais e plantas. Ora, escapando de nosso anacronismo humano, o que seríamos do ponto de vista de uma rocha colossal como a do Pão de Açúcar? Diante da idade desta pedra o que pode parecer a vida humana? E se tivermos a capacidade de ir um pouco mais além, que importância temos diante de uma rocha de tal magnitude?
Fala-se de salvar o planeta quando em verdade a única ameça recai sobre a vida humana, ou alguém julga que levaremos tudo para um imenso buraco se perdermos o jogo?
Fica aqui, no entanto, este testemunho insólito, que beira o ridículo de assemelhar-se aos discursos estúpidos que tentam fazer ver o invisível, no qual afirmo ter experimentado estar "lá", no inominável, de onde só pode se voltar com uma imensa vontade de viver muito para abraçar todos os instantes como se fosse o único.
Amor a todos.

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