Monday, February 17, 2014

...do amor e do devir.

"Sempre haverá o duplo movimento da verdade do Ser manifesta no tempo, trata-se de uma condição. Tudo decorre da forma de apreensão, do modo como se diz: “isto é real”. Forma esta que ora é dada pelo imediatamente externo para o interno, e ora é pura intemporalidade, pelo imaterial. Assim, dizemos que "isto é..." mas este algo é puro movimento antes de ser interno ou externo. O devir. É deste ponto, o devir inapreensível por ser processual, que tudo "vem a ser" para fundar a não localidade, lá onde o espaço é verbo, “é”, portanto, a "região invisível do refluxo do ser", por assim dizer numa aproximação poética, região da magia e do encantamento, na qual, todos os sentidos se alimentam do que são, sendo em si efeito e causa de uma fonte maior absoluta. Alguns a chamam de Deus, outros Tao e outros ainda "existência". De lá, reiteramos a consciência do ser na matéria, e permanecemos num moto perpétuo, sendo ilogicamente e extraordinariamente isto que somos: seres do devir. Para além disto, desta "alusão linguística", apenas podemos dizer que as são representações: lá fora e em nós.
Esta região, imanente e absoluta, é de onde tudo "isto" - ser e não ser - sempre É "mais do que isto", pois que engendra a potência transcendental que para nós é inefável, porém, perceptível e ao alcance dos "sentimentos últimos da alma livre". Desta percepção inventamos a palavra "amor".
Há, portanto, indiferente a ordem social, da história, e da lógica, o que é dito pelo extraordinário, e ele sempre nos comove e alça para onde somos mais felizes." Andriole.


...a água da terra.

...tentar resolver a questão política, seja ela em que nível ocorra, é o mesmo que tentar resolver uma goteira colocando panelas onde ela pinga. Tudo se dá num só e mesmo objeto: o ser humano. Não há portanto solução "política". O que é política afinal? Uma área da atividade humana, uma condição da espécie e um caminho de autoconhecimento. Mas sendo "área", "condição" ou "caminho" está subordinada ao que é sua origem: o homem! Fala-se de "reforma política" assim como mudar o "tipo de panela" que receberá o pingo d'àgua. Onde está a reforma humana? Em que disciplina escolar ela é contemplada na grade curricular atual para formar a mentalidade das crianças? Dirão alguns: talvez na arte, porque nela estão contidos saberes de todas as outras áreas para dar suporte à expressão do espírito. Pode ser. Mas se assim é, que tipo de formação deve ser requerida de alguém que detém em sua assinatura o destino de recursos de uma comunidade inteira? Como confiar o destino de reservas ambientais a um economista que tem engenheiros como conselheiros? Como confiar o destino dos nossos filhos a produtores de "entretenimento" do gênero BBB? Como confiar a saúde de nossos CORPOS à "INDÚSTRIA" farmacêutica? Terão estas competências qualidade para gerir setores inteiros sem o apoio de outros saberes que lhes escapam absolutamente? Quem buscaria um escultor para tratar do dentes? Ou um pintor para problemas de logística? Trata-se tudo recorrendo a especialistas, quando de outra forma, a solução pode ser mais econômica, eficaz, divertida e estética se pensada de forma multidisciplinar, multiétnica e de caráter transcendente. A vida não é um problema político, mas a política é uma problema para a continuidade da vida.
Terra: é preciso ser água e alimentar as sementes de um novo dia, chorar, se for o caso, mas fazer subir a seiva que será uma folha levada pelo vento um dia.

diferença e igualdade

...a diferença é o que define, no mais, tudo é igual: sem mais nem menos.

...você mesmo pelo outro em poucos minutos!

...mais um sinal claro dos tempos: recebo hoje a seguinte oferta de serviços em meu gmail: CRIE AQUI SEU LOGOTIPO GRÁTIS! SÃO MILHARES DE MOTIVOS QUE VOCÊ MESMO PODE ESCOLHER PARA SUA MARCA EM APENAS ALGUNS MINUTOS! Ps: comentários dos usuários do serviço: "Porque pagar para alguém criar meu logotipo se tem um site que faz isto para mim de graça?" Evidentemente, todos eram semelhantes ao que conhecemos por "clip art".
A QUESTÃO:
A dissolução da identidade anunciada por alguns filósofos - vide Adorno, Horkheimer, Elias, entre outros - está atualmente tão banalizada que assume o contorno de "serviço". Pode parecer besteira hoje, mas daqui há alguns anos pode ser trágico. Quando um patético personagem surgiu proferindo discursos absurdos sobre "raça pura" e "destino superior" a "inteligentzia" o ridicularizou, para em seguida erguer os braços e ser encaminhada para campos de concentração. Não se deve rir daqueles que se levam a sério em seus absurdos, tampouco aceitar seus argumentos em nome da "pluralidade de pensamento". As coisas são o que são e devem ser esclarecidas. O que nos define é a diferença e originalidade, se um dia isto não existir, incorremos na ausência do valor do indivíduo em detrimento de um "destino superior para a raça".






não se reprima

...antes de reprimir o outro que se revolta contra o inaceitável, pense se não foi você que se conformou com a situação e por isto o levou rebelar-se por você.

era uma vez...

..."Era uma vez uma vez", e com passar do tempo, a história crescia e se multiplicava... até que, passados os séculos dos séculos, resolveram experimentar: "Eram duas vezes uma vez", mas isto não sou bem, e assim, se tentou variar a história por milhões de milênios: eram três vezes, quatro, cinco e seiscentos e sessenta e seis vezes... até não haver mais condições, nem sentido algum, em se dizer mais do que "era uma vez", e por isto, a história humana ficou assim: era uma vez o homem, e ele nada sabia de si, além de que era um personagem numa história que começou certa vez há muitos milhões de milênios, num lugar que já não existe mais, num reino distante.